Liderança de direitos humanos e ex-catadora de lixo em São Paulo,
Valdênia Aparecida Paulino Lanfranchi pediu demissão do cargo de ouvidora da
Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social da Paraíba. O ato
de exoneração de Valdênia, assinado pelo governador Ricardo Coutinho, foi
publicada no Diário Oficial do Estado, edição desta quarta-feira, 2.
A ouvidora deixa o cargo em meio à denúncia do deputado Luiz Couto (PT) de
que tanto ele quanto Valdênia estariam sofrendo ameaças, por parte de grupos
incrustados dentro das penitenciárias.
Valdênia Lanfranchi passou praticamente dois anos no cargo de ouvidora, mas
tem uma longa história de engajamento no combate à truculência policial. Antes
de assumir a Ouvidoria da Segurança Pública na Paraíba, a advogada denunciou a
violência policial em Sapopemba, periferia leste de São Paulo. Ameaçada,
precisou sair do país por duas vezes. Foi a primeira pessoa a entrar no
programa federal que defende ativistas. Quando criança, catava esterco e
garrafas em lixões.
Determinada, Valdênia estudou, deu aulas de alfabetização e formou-se em
Direito. Em 2009 foi para a Paraíba buscar tranquilidade. Virou ouvidora da
polícia e seguiu seu trabalho, sempre recebendo ameaças.
Numa reportagem publicada na Folha de São Paulo, a ex-catadora, em
depoimento sobre seu novo desafio na Ouvidoria, destacou que a Paraíba "é
o quintal dos Estados do Nordeste". E frisou: "Corrupção tem em todo
o lugar, mas aqui eles têm pós-doc em corrupção".
Tendo recebido o apoio político a seu trabalho do deputado federal Luiz
Couto (PT), Aparecida Paulino Lanfranchi chegou a registrar: "Há grupos de
extermínio, com envolvimento de policiais, agentes penitenciários. Há também
tortura. Recebi denúncias de que policiais andam com um kit tortura nos carros:
saco plástico, aparelho de choque e gás de pimenta".
Fonte: Marcos Alfredo
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