Paraibano participa da 7ª Plataforma
para Defensores de Direitos Humanos em Dublim, na Irlanda
O
paraibano Astronadc Pereira, mais conhecido como sargento Pereira, participou,
de 9 a 11 deste mês, da 7ª Plataforma para Defensores de Direitos Humanos em Dublim,
na Irlanda (Europa), que teve como objetivo conhecer e analisar a situação de vítimas
de violações de direitos humanos.
Convidado
pela renomada instituição Front Line, Protection of Human Rights Defenders, que cobriu as
despesas, Astronadc esteve compondo um seleto grupo de 100 defensores de
direitos humanos de toda parte do mundo.
Na
ocasião, os participantes apresentaram suas experiências em defender os direitos
humanos e formularam recomendações praticas em áreas especificas que incidam e
vão contribuir para o contexto internacional.
A
atuação marcante de Astronadc Pereira na área de direitos humanos, nos
movimentos sociais e na proteção aos defensores dessa bandeira na Paraíba e no
Brasil, bem como a sua vida profissional como policial e ativista político que
luta pela desmilitarização das policiais no país, além do empenho no combate à
violência contra jovens, negros, gays, travestis, grupos LGBT e mulheres foram
requisitos decisivos na indicação para o evento.
Pereira
afirmou que a Front Line priorizou um forte intercâmbio e experiências de modo
que os defensores de direitos humanos pudessem debater estratégias
internacionais com a finalidade de melhor proteger os defensores de direitos
humanos no mundo.
Esclareceu,
ainda, que foram compostos seis grupos de trabalhos em vários idiomas para
discutir as violações de direitos humanos, as principais ameaças aos defensores
dessa área em seus países e as medidas praticas mais efetivas para a proteção
aos defensores dos direitos humanos.
Eamon
Gilmore TD, ministro de Assuntos Exteriores e Comércio; Michel Forst, secretario
da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Republica da França; MainaKiai,
relator Especial da ONU; Stavros Lambrinidis, atual representante Especial da
União Europeia para Direitos Humanos; Denis O’Brien, atual presidente da Front
Line; representantes de instituições estrangeiras, a exemplo da Anistia
Internacional e a ONU estiveram participando.
No
segundo dia da programação Astronadc Pereira realizou palestra, oportunidade em
que falou da violência no Brasil.
Veja a íntegra de parte da palestra:
Diletos amigos Pacificadores Sociais e
Protetores dos Direitos Humanos,
Agradeço
imensamente a Front Line pelo o honroso convite, vou falar do meu país, o
BRASIL:
Eu
sou Astronadc Pereira, trabalho na polícia brasileira, sou psicólogo, ativista
político e estou conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos no meu
Estado - a Paraíba.
No
Brasil, a violência tem nome, tem cor, tem território, tem classe social.
Geralmente são jovens, negros, moram em áreas carentes e são pobres.
A
polícia brasileira investe com extrema brutalidade.
Uma
polícia sectarista, reacionária, militarizada, corrupta, violenta e
ineficiente, pois não costuma investigar e solucionar as demandas de homicídios
e toda violência que há.
Estou
aqui para pedir a desmilitarização das policiais no Brasil. A ONU já fez esta
recomendação ao governo brasileiro.
Estou
aqui para denunciar este estado de coisa:
-
No mês de junho a setembro deste ano, o povo brasileiro foi às ruas para
protestar contra a má política e contra a corrupção no Brasil. A polícia agiu
com extrema violência contra os manifestantes, contra os professores, contra jovens,
contra os trabalhadores e trabalhadoras.
Estou
aqui para pedir ajuda para que a comunidade internacional ajude a pressionar o
governo brasileiro para que o Brasil desmilitarize as suas policias.
Que
o governo brasileiro faça uma profunda mudança no sistema de justiça criminal
do país. Este sistema atual pune, mata e tortura com frequência os pobres.
Queremos
uma Justiça democrática e justa, queremos uma polícia sem vícios de corrupção,
não violenta, democrática, que sirva e proteja o nosso povo. O povo deve ser a
polícia, a polícia deve ser o povo!
Estou
aqui para denunciar que há regiões no Brasil que não há segurança nenhuma, não
há água portável, a seca assola áreas do Sertão nordestino, e o governo ainda
insensível com a questão. Não há segurança hídrica para as populações carentes.
Falta
de saneamento básico que leva a população a conviver com doenças; falta de educação
de qualidade, fato que leva a mais miserabilidade e violência.
As
comunidades quilombolas, que são originários de escravos coloniais, são em
número de 50 mil no Brasil e apenas 170 delas têm direito a posse da terra. O
Brasil precisa reparar o erro brutal da escravidão.
No
Brasil os povos indígenas sofrem com as ações dos fazendeiros, dos grileiros,
do narcotráfico, do crime organizado. Há muita violência no Mato Grosso contra
os povos indígenas sem que o governo tome uma postura efetiva para fazer cessar
esta violência. Nesta região, o Boi, a cana, a soja tem mais direitos de que
uma criança indígena, por que a cana, a soja são produzidas pelas grandes
corporações.
Os
povos indígenas de Minas Gerais, os Machacalises estão sendo extintos e as
mulheres sofrendo violações de direitos.
Na
Paraíba os defensores de direitos humanos, o padre e deputado federal Luiz
Couto, e a companheira de luta Valdenia Paulino sofrem com as constantes
ameaças de morte e estão obrigados a andarem com escolta policial. O crime
organizado os ameaça de morte, os grupos de extermínios e pessoas que não
toleram os direitos humanos. Tudo isso pelo trabalho forte e serio destes
defensores dos direitos humanos no Brasil e na Paraíba.
Outro
companheiro é o Fernando Perissê, brasileiro, da cidade de Sousa, que luta
contra a corrupção. Ele responde, injustamente, a 22 processos. Precisa de nós,
precisa da Front Line, pois não tem como pagar os advogados para defende-lo.
A integrante
do Conselho Estadual de Direitos Humanos na Paraíba, Guiany, luta contra a
violência do estado dentro dos presídios paraibanos e por isso também está
sendo processada. Ela defende os direitos humanos das pessoas. como pode sofrer
tanta perseguição no próprio estado?
Há
outra violência doentia que é a violência doméstica, geralmente cometida pelos
próprios companheiros contra sua companheira, são mães, filhas, irmãs,
vizinhas, são mulheres e merecem respeito. Não podemos aceitar a violência
contra as mulheres, isto é inaceitável.
Desta
forma, agradeço a todos.
Obrigado,
Astronadc
Pereira de Morais
Assessoria
de Imprensa
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