Astronadc Pereira, é policial militar, Psicologo e professor. Mais conhecido como Sargento Pereira.

quinta-feira, 17 de março de 2011

VÍDEOS - DIREITOS HUMANOS - POLÍCIA E SOCIEDADE

Conceituações de Violência

Atronadc Pereira


O termo
deriva do latim violentia (que, por sua vez, deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente. Assim, diferencia-se de força, mas são palavras que costumam estar próximas nas línguas e pensamentos cotidianos. Enquanto que força designa, em sua acepção filosófica, a energia ou “firmeza” de algo; a violência caracteriza-se pela ação corrupta, impaciente e baseada na ira, que não convence ou busca convencer o outro, simplesmente agride.


Segundo Freud
(1992, citado por TEIXEIRA, 2003), para se manter vivo e integrado, o nosso organismo depende de uma quantidade de energia que, armazenando um estado de tensão interna, integra e impulsiona para a vida. A esta energia ele chamou de libido. Ainda de acordo com Freud, a passagem da condição animal para a condição de pessoa humana se faz muito difícil porque temos que incorporar e acatar regras.

Em outras palavras, tal passagem implica na criação da cultura, ou seja, na criação de valores e regras que ajustam os relacionamentos de ordem familiar, social e do Estado, o que obriga cada um de nós à renuncia de nossos desejos, a fim de nos adaptarmos às normas para viabilização da convivência em grupo. Aceitamos essa imposição, segundo Freud, porque, independentemente de nossos desejos, a nossa condição de ser humano nos impõe três sofrimentos: 1) o de ter que lidar com o poder superior da natureza; 2) o de ter que lidar com a fragilidade de nossos corpos; 3) e o de ter que acatar o que a civilização nos impõe, a fim de nos ajustarmos às normas de uma vida em sociedade.

O animal não humano mata por necessidade, o que o move em busca de sua “vitima”, não é o desejo, é o instinto de sobrevivência. Portanto, é o desejo de destruição que dá à ação agressiva sua significação verdadeiramente violenta. Na dimensão humana só existe violência no contexto das ações e interações humanas quando as ações são movidas pelo desejo de destruição. Segundo Freud, no interior de cada um de nós dorme uma fera, que um nada qualquer pode despertar. Foi porque fez sua tese de Hobbes de que “o homem é um lobo para o homem” (homo homini lúpus)” que viu no homem “um inimigo virtual da cultura” (FREUD, 1992, vol. IX, p.141).

A violência ocupa três dimensões intrínsecas no homem: a dimensão biológica, psicológica e sociológica. O homem é um ser biopsicossocial e nessa perspectiva parece configurar-se como uma tríade em que está presente na sua dimensão subjetiva a violência. A violência que fica inerte, mas, quando estimulada pelos fatores endógenos e exógenos concretiza-se nas ações e atitudes humanas.

A violência é detentora de certa racionalidade, à medida que é eficaz em alcançar o fim que deve justificá-la. Em virtude de sua instrumentalidade, a perde o caráter mágico ou demoníaco que comumente lhe é atribuída. “A violência não nem bestial nem irracional – não importa se entendemos esses termos na linguagem corrente dos humanistas ou de acordo com teorias cientificas”.
Ainda segundo essa autora, o fato de agir com rapidez deliberada não torna o ódio ou a violência irracionais. Sendo assim, a idéia clássica de que o biológico do homem comandaria a explosão de violência humana é desmistificada, havendo sim todo um processo biopsicosocial que articula co-estímulos e promove a iniciação da ação violenta humana.

Podemos apontar situações que em certas circunstâncias a violência, ou seja, a ação sem argumentos legítimos, sem o discurso racional ou sem contar e prever as conseqüências, torna-se um meio de equilibrar os fatos mais próximos para a justiça, sendo assim e nesse sentido, o ódio, a ira e a violência que quase sempre acompanha, pertencem às emoções “naturais” do homem e extirpá-las não seria mais do que desumanizar ou castrar o homem.

A nosso ver, a violência se manifesta a partir da interação homem-mundo, desta forma, a maneira de como o próprio indivíduo vê o mundo e se autopercebe nessa relação e é percebido enquanto sujeito de direitos e deveres é o ponto central deste fenômeno (chamado violência). Essa construção perpassa pela educação, sendo assim, podemos dizer que é essencial analisarmos as condições para potencializar a ação dos sujeitos. Sendo compreendido, portanto, o homem é um ser político que tem no agir a força, o vigor e quando essa ação se equipara à condição de preservação ou poder, ele poderá comportar-se com violência.

Segundo Freud, as manifestações de patologias infantis se encontram na agressividade destrutiva e violenta, melhor dizendo, é quase uma regra que, se a pessoa sofreu traumas e ou feridas narcísicas sérias em quantidades e qualidades expressivas, desenvolverá uma agressividade destrutiva e violenta.

A intensidade da violência caracteriza-se pela intensidade da agressão imposta ao outro, seja este outro uma pessoa ou algo do meio ambiente. Sendo que em alguns casos ocorre violência em que o próprio sujeito impõe a si mesmo, agredindo-se, muitas vezes até cometendo suicídio. Em linhas gerais, podemos confirmar as três visões de compreensão da violência humana: a biológica, a sociológica e a biopsicosocial.

A VIOLÊNCIA CONTEPORÂNEA